Como já tinha escrito por aqui algures, a minha relação com os velhinhos é assim um bocado estranha - eles insistem em socializar de forma estranha comigo e eu tento manter um ar afável enquanto procuro forma de fugir deles o mais rápido possível.
Nos últimos tempos quase me esqueci desta pequena incompatibilidade até que, num curto espaço de tempo, dou por mim envolvida nas seguintes situações:
- a velhota passiva-agressiva do supermercado
Estávamos nós, o casal maravilha, na fila do supermercado, já com as suas 2 pizzas frescas na passadeira quando uma velhinha quase nos salta para cima, snifa-nos as pizzas e pergunta-nos num tom a atirar para o ameaçador se só tínhamos aquilo. Juro-vos que me senti uma qualquer mini presa a ser cheirada por um predador feroz. Respondemos que não mas face a agressividade da mulher ainda confirmei que não estávamos numa caixa prioritária (e não estávamos) sob pena de ela nos passar a ferro no meio da sua fúria.
- a vizinha esquizofrénica do rés-do-chão
No mesmo dia do episódio anterior, está o casal maravilha a chegar a casa, quando ao chegar à porta do prédio sai uma velhota. Muito educadinhos, cumprimentamos a senhora e levámos com um silêncio mordaz acompanhado de olhares desconfiados e quase inquisitivos de alto a baixo. Passados na inspecção (?!) eis que recebemos um sorriso quase de orelha a orelha e um "Oh que temos caras novas no prédio!". Confesso que não sei o que me impressionou mais neste episódio: se o facto da mulher ter mudado da noite para o dia na forma como nos tratou; se o facto dela só ter reparado na nossa presença 1 ano e pouco depois de nos termos mudado para aqui mesmo depois de: já lhe termos ido bater à porta (mas termos ficados pendurados porque ela estava muito entretida a ver televisão) e termos deixado um bilhete a dizer que tínhamos deixado cair uma peça do estendal no quintal dela e a pedir que ela nos devolvesse a dita. Escusado será dizer que fomos ignorados forte e feio pela dita senhora.
- a idosa a precisar de companhia
Hoje, saio de casa e planto-me na paragem de autocarros mesmo em frente para ser preguiçosa e apanhar um autocarro até ao metro. Reparo no entanto que está uma fila brutal de carros e que um rapaz está a informar uma velhota que houve um acidente mais ao fundo da rua e que os autocarros não estão a passar por ali. Ora, ouvindo isto, pego nos meus cotos e faço-me à estrada para não me atrasar. Saco dos leitor de mp3 e eis que antes de meter os phones nos ouvidos oiço a velhota que estava na paragem a assediar-me: "Oh menina! Espere aí que eu vou consigo!"
Só vos digo que a minha cara naquele momento deve ter sido assim algo para lá de espectacular. A velha cola-se a mim e começa a divagar sobre tudo e mais alguma coisa, ao que eu vou respondendo os tradicionais "pois, pois, sim, sim". Chegadas ao local do dito acidente eis que a velha começa "Oh meu Deus! Só de pensar nestas coisas de acidentes eu começo logo a sentir-me mal!" e eu começo a pensar para os meus botões: "Querem ver que a velha ainda vai ter um ataque e eu é que tenho que levar com ela a estas horas?" Escusado será dizer que o acidente foi apenas um toque entre um carro e um autocarro e que não havida nada de transcendental na cena mas ainda assim a velha não perdeu oportunidade de perguntar a uma senhora que por ali passava o que é que tinha acontecido e foi nesse momento que eu sorrio até ao infinito, acelero o passo e lhe digo "Então tenha um bom dia!!!" e fujo do local o mais rapidamente que os meus mini pés me permitiram.
Resumindo e baralhando: mal posso esperar por passar a fasquia dos 70 e começar a infernizar os jovenzinhos incautos que se cruzem pelo meu caminho!
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