Para já, quero pedir desculpa pela enorme escassez de posts da minha parte, mas o trabalho tem abundado bastante por estes lados, enquanto o tempo não. Ainda assim tenta-se, e cá venho eu trazer-vos mais um humilde post sobre comida.
Depois do (longínquo) post anterior, em que elogiei as virtudes de um suculento bife de vaca, quero falar agora de comida vegetariana. Mais propriamente num restaurantezito que descobri recentemente ali para os lados da Estefânia.
Desengane-se quem estiver a pensar que vou falar de um restaurante qualquer ultra-fino, ultra-moderno e que custa os olhos da cara. Não, este restaurante não é fino, tem muito pouco de moderno e o preço até é bastante acessível.
Estou a falar de um restaurante do qual eu não sei o nome exacto (não está escrito em nenhum sítio que eu tenha visto), mas que pertence ao grupo religioso Hare Krishna. Provavelmente a maioria de vós não o conhece (o restaurante), mesmo que já tenham passado mesmo ao lado. Isto porque não tem letreiro nem qualquer outro tipo de publicidade. Para quem não conhece é apenas uma porta aberta numa casa qualquer (o que, para dizer a verdade, já é bastante estranho em Lisboa).
Ao entrar (primeira porta à direita, não subam para o primeiro andar senão arriscam-se a ir parar a casa de alguém) nota-se logo o ambiente zen. Estatuetas e quadros ao estilo hindu, uma mini cascata em pedra à entrada, um ligeiro cheiro a incenso, uma espécie de pouffes em vez de cadeiras nas mesas no interior, e as vestes do pessoal que lá trabalha, num estilo totalmente hindu e zen. As pessoas são muito simpáticas e atenciosas, o que de qualquer modo já seria de esperar de praticantes de uma religião que promove a não-violência.
Bem, mas vamos lá ao que interessa e ao assunto que vos trouxe por cá: A comida.
Primeiro, este restaurante tem uma particularidade: não há escolhas. É chegar lá, sentar (cumprimentar as pessoas que ser bem educado fica sempre bem), e esperar que nos tragam a comida. Por dia há apenas uma refeição, composta por sopa, prato principal (com possibilidade de repetir), sobremesa, chá e café (de cevada, que o café a sério não faz bem. De vez em quando também existe um chá em vez do café, mas ainda não o apanhei).
Comecemos pela sopa: Não se percebe bem do que é, mas é boa! Nota-se que tem bastantes especiarias, não é nenhum caldinho sem sabor. Se não gostarem de sabores fortes, provém com algum cuidado (mas note-se que a Ninixe não é fã de muita especiaria e até gostou).
Depois, o prato principal. Como já disse, é o que houver. Já apanhei bifes de soja com molho de limão e queijo creme com arroz integral, um estufado de vários legumes, e uma feijoada vegetariana, muito bem servida, e que aconselho vivamente (é sempre à Quinta-Feira, convém chegar mais cedo porque costuma encher).
Finalmente, a sobremesa. Aqui é que a porca (ainda viva, que lá ninguém a come) torce um bocadinho o rabo. As sobremesas que já apanhei lá foram umas gelatinas assim para o manhosas, com pouco sabor ou pelo menos com um sabor manhoso. Uma com Ginkgo Biloba que, para quem não conhece, sabe assim a modos que a sabonete.
Tirando este pequeno pormenor, tudo somado vale bem a pena. O preço é fixo (7€) e, para quem gosta de comer bastante (vulgo enfardar), o facto de se poder repetir à vontade compensa bem o factor "ah e tal, que é vegetariano e não enche o estômago".
Um último pormenor muito importante, o espaço exterior: O restaurante fica no rés-do-chão de um prédio com quintal, o que significa que existem algumas mesas no dito quintal, e pode-se desfrutar da refeição ao ar livre, com umas árvores simpáticas, num ambiente que quase nos faz esquecer que estamos em Lisboa. Só isto vale bem a pena, e com o ambiente zen geral do restaurante permite uma refeição descansada e relaxante.
Veredicto final: Aconselho. É bom, mas é preciso ter alguma sorte com a comida.
Ficam aqui as informações do restaurante:
Vão lá e tenham uma boa experiência espiritual!