Desde que passei a usar o metro
como meio de transporte para chegar ao meu local de trabalho que, quase todos
os dias, sensivelmente à mesma hora, me cruzo com uma senhora na plataforma
enquanto esperamos pela nossa boleia.
Até aqui nada de transcendental –
toda a gente tem rotinas e, mais dia, menos dia, lá vamos reconhecendo certas
caras que se vão cruzando connosco no quotidiano das vossas vidinhas.
O caricato desta situação é que a
senhora em causa tem uma qualquer fixação pela minha pessoa! Ela olha-me de
cima a baixo, de baixo para cima, fixa o olhar na minha pessoa e não desgruda!
Inicialmente, na minha ingenuidade e inocência, ainda pensei que a senhora (que
certamente já está na casa dos 50 e alguns) me deveria estar a confundir com
alguém… Depois pensei que talvez estivesse a criar algum tipo de mania da
perseguição mas o rapaz, das poucas vezes que assistiu ao fenómenos confirmou
que aqueles olhares eram exclusivos para mim.
Admito que eu própria às vezes
fico a olhar com um ar babado para raparigas giras e cheias de estilo que
populam por esta cidade, mas olho, vejo e contínuo com a minha vidinha. Vá… Eu
compreendo que sou única, uma maravilha da natureza, linda, esbelta, elegante e
híper fashion (ou não… e na verdade sou
do mais banal e normal que existe) mas sinceramente o peso deste assédio já
começa a ser demais e aqueles olhares (que, diga-se de passagem, não são
propriamente amigáveis – estão mais numa onda de arrogância a roçar o ofensivo)
começam a incomodar-me…
Tenho para mim, que um dia me
encho de coragem, desço dos saltos e lhe pergunto qual é a sua fixação na minha
pessoa!
E olhem que já esteve bem mais
longe…
x x x